Lembranças de Dona Calú

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Lembranças de Dona Calú

Dona Calú foi cozinheira no meu bar/restaurante, em São Paulo, na década de 1980, mais precisamente, 1982.

Ela chegou-se um dia oferecendo-se para trabalhar, dizendo que cozinhava em uma pensão ali nas redondezas, mas que a pensão estava fechando e como ela tinha uma freguesia muito grande, queria saber se eu não lhe daria um emprego para que ele pudesse continuar a fazer comida para seus clientes.

Devo confessar que a princípio não me senti muito animado. Dona Calú era uma negra de mais de 80 anos, com mais ou menos 1,45m, curvada pela idade e magérrima.

Ao mesmo tempo que eu de cara passei a admirar aquela senhorinha, fiquei em dúvida sobre ela dar conta da cozinha e também se seria correto expor àquela senhora a tal trabalho.

Ela era convincente e, em alguns minutos me fez ver que devia aceitar sua proposta correndo. Assim foi e ela ficou extremamente feliz com o novo emprego.

Dona Calú era muito mais que uma cozinheira. Dona Calú foi um anjo que foi colocado em meu caminho em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Quanta coisa ela nos ensinou.

Lembro-me que fazíamos feira na Praça Charles Muller, em frente ao Pacaembu. Era perto, mas não muito e, por isso, costumávamos ir de carro. Assim que começou a trabalhar Dona Calú disse que podíamos deixar que ela passaria a fazer a feira. A custo consegui convencê-la, pelo menos, que a levaria de carro. E assim passou a ser feito, toda semana.

Ao chegar à feira Dona Calú ao invés de ir pela rua, na parte frontal das barracas, ia se esgueirando por trás e vendo todas as verduras, legumes, frutas que os feirantes consideravam que não poderiam mais serem vendidas, por um amassadinho, um quebradinho e as comprava por um preço infinitamente menor. Ao questioná-la eu ouvia:

  • Meu filho, vou usar esses tomates para molho, por que precisam estar firminhos, bonitinhos. Olhe aqui, estão bons ainda, só um pouco amassados. Se deixar aí, daqui a pouco viram lixo e ninguém aproveita.

E desse modo era feita a nossa feira e devo dizer que a comida da Dona Calú era deliciosa, aquela que chamamos de comida caseira.

Isso me trouxe à percepção que tenho hoje de não entender muito essa coisa de prazo de validade quando tantas pessoas reviram lixo para se alimentar. Concordo que não sirva para ser comercializado, mas daí a ser descartado vai um longo caminho. Falta respeito ao alimento.

Em paralelo, sabemos que no trajeto da produção à comercialização 60% de nosso alimentos se perdem, são desperdiçados e em um mundo onde 11% da população, algo em torno de 135 milhões de pessoas, passa fome, isso não pode acontecer.

Fica a lição de Dona Calú que passa longe, muito longe da proposta do imperfeito de São Paulo, por uma questão de princípios.

Se existe realmente o céu, Dona Calú deve estar no melhor lugar, fazendo a felicidade de todas com suas comidinhas deliciosas.

Obrigado Dona Calú, por todos os ensinamentos.

Os fins ou os meios?

OS FINS OU OS MEIOS?

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Após 16 anos dando aulas acho que posso me atribuir o adjetivo de “educador”. Se for muita pretensão de minha parte me perdoem.

Durante todo esse tempo em sala de aula permaneci atento à todas as mudanças ocorridas no processo de educação, ao surgimento de novas metodologias e novas tecnologias e todas apontavam para um único horizonte. A criatividade, a inovação, a atuação levando em conta a intuição eram atributos que se faziam indispensáveis na formação dos jovens, futuros profissionais das mais diversas áreas.

Nesse sentido pautei minha conduta e percebia que meus pares, pelo menos uma parte deles, fazia da mesma forma.

Dar liberdade para o educando buscar o conhecimento, incentivar a curiosidade, o interesse em obter novos conhecimentos, utilizar tais conhecimentos para inovar, para fazer diferente, para criar novas maneiras de comportamento.

Provavelmente isso tudo começou em mim lá na década de 1960 com o movimento “hippie”, com o festival de Woodstock, com a luta por paz e amor.

O tempo foi passando e de repente me deparo com as escolas militares nadando, a meu ver, contra a corrente e impondo uma disciplina opressiva aos alunos. Como resultado aparecem sempre em primeiro lugar em competições que vão desde o Soletrando do “playboyzinho”, até as olimpíadas de matemática.

Chegam as olimpíadas e os atletas nacionais ligados às forças armadas são os grandes ganhadores de medalhas.

E aí vem o susto maior! Todos acham isso fantástico.

Meus amigos, não tenho a menor dúvida de que o autoritarismo sempre levou, leva e levará a resultados mais rápidos. É matemático, é básico, é redundante e é pobre, limitado. Os fins justificam os meios ou será o inverso? A eterna questão.

Se capacito pessoas para o fazer, obviamente elas farão e farão bem. Só não espere que, ao menor problema que surja, elas saibam como reagir. Porém, o meu objetivo como “educador” não é ensinar a fazer, mas sim ensinar a pensar e aí, me desculpem os defensores da metodologia militar, a coisa foge de controle. O meu objetivo é capacitá-las a pensar e saber como se comportar em toda e qualquer situação e, para isso, os resultados demoram mais e, muito provavelmente, não serão padronizados porque nunca há apenas uma maneira de fazer.

Quando falamos de olimpíadas, ainda va lá. Os objetivos são pontuais e pobres. Você tem que correr mais rápido que os outros, ponto. Você tem que acertar a bola na cesta, ponto.

Mas a vida, a vida é diferente e por isso, a educação não pode ser assim.

 

“Esse sistema de castas é bastante eficaz no livro, pois os indivíduos – devido seu condicionamento – não almejam pertencer a outra casta senão a sua própria. Outro fator relevante é o de que certos serviços são efetuados exclusivamente por uma determinada casta, porque os tipos de trabalho também são divididos de acordo com as castas.” (https://amnprojeto.wordpress.com/analises/castas/

 

Passados 75 anos do lançamento da primeira edição brasileira, acredito que estamos precisando, com urgência, reler  O Admirável Mundo Novo”de Aldous Huxley.

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Marketing e Educação Ambiental, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing Manaus/ AM e professor universitário.

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Homenagem à todos que padeceram os horrores da bomba atômica.

 

Parte de artigo publicado originalmente em www.cabugi.com em 23/09/2002

 

 

“(…) em um instante 80 mil pessoas morreram e a maior parte da cidade desapareceu. (…) quatro dias depois uma segunda bomba matou 40 mil habitantes. (…) moradores próximos ao marco zero foram pulverizados, deixando para trás sombras carbonizadas. Sobreviventes morreram logo em seguida. A radiação destruía seus corpos. Dosagens menores de radiação

provocavam várias formas de câncer e defeitos de nascimento(…) houve cerca de 140 mil mortos nos anos seguintes.”

Hiroshima, 6 de agosto de 1945, em defesa da democracia.

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Amana Key de São Paulo. Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Natal/RN e professor universitário.

MARKETING PRA QUÊ?

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Dentre os inúmeros trabalhos que realizo concomitantemente, está a coordenação do Escritório Experimental de Marketing – EEM, do Curso de Marketing da Uninorte/Laureate.

O trabalho tem como objetivo central proporcionar vivências reais aos alunos do curso de Marketing, fazendo com que cheguem ao mercado de trabalho já com alguma experiência prática.

Além desse objetivo, o EEM também realiza alguns estudos junto aos acadêmicos e também junto ao mercado manauara, buscando identificar necessidades e expectativas tanto de alunos, quanto de empresários, no que se refere às tarefas do marketing e também à formação do profissional de marketing, para com isso promover as alterações na grade curricular que possibilitem à Instituição colocar no mercado o profissional que o mercado busca.

Por outro lado, com grande frequência vemos anúncios de emprego solicitando profissionais de Publicidade e Propaganda para exercer funções inerentes ao marketing e para as quais esses profissionais não foram formados, como da mesma forma o inverso, buscar alunos egressos dos cursos de marketing para execução de tarefas inerentes à Publicidade e Propaganda.

Em ambos os casos os profissionais podem deixar a desejar por falta de formação específica, o que termina por prejudicar as áreas profissionais de ambos os lados, caracterizadas como deficientes pela falta formação adequada desses profissionais para o mercado.

Dado o desequilíbrio existente entre a procura por trabalho e a oferta de vagas, claro que, tanto publicitários, quanto mercadólogos, candidatam-se para todas as vagas e, de uma maneira ou de outra, acabam desempenhando as funções.

O trabalho em realização pelo EEM, intitulado “Marketing pra quê?” objetiva esclarecer essas dúvidas junto aos contratantes, estabelecendo os limites entre as duas atividades – propaganda e marketing – buscando levar todos a resultados mais efetivos em todos os aspectos, assim como avaliar as expectativas desses mesmos contratantes sobre o profissional que almejam contratar.

O trabalho é realizado pelos acadêmicos dos cursos de Marketing da Uninorte/Laureate, sob a supervisão dos professores e com o apoio de entidades de diversos setores.

Contamos com a colaboração de todos os que forem procurados para participar e, desde já, deixamos nosso agradecimento.

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Educação Ambiental (SENAC), MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing – Manaus/ AM e professor universitário.

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CRISE, INTELIGÊNCIA E MARKETING

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A “crise” é assunto recorrente em todas as rodas de bate-papo. Bastante comum, também, é associar a “crise” ao governo da presidente Dilma Roussef.

O que ninguém pára para pensar é que a “crise”, se realmente existe, tem origens em outros locais que extrapolam o governo federal.

O primeiro ponto é avaliar se realmente existe uma “crise”. Eu explico: crise é algo que ocorre por um determinado espaço de tempo e, depois desse tempo, volta tudo ao normal. Defendo a ideia de que não vivemos uma crise, mas sim um ajuste econômico e que as coisas nunca mais voltarão a ser como antes. Portanto, não é crise, é mudança. E por isso, precisamos descobrir uma nova forma de trabalhar nesse novo cenário.

Considerando, porém, que a situação atual seja uma “crise”, atribuí-la ao governo federal e mais especificamente à presidente é, no mínimo, miopia. O mundo todo passa por problemas econômicos e de crescimento, em função desse ajuste econômico global mencionado acima. Os índices de desemprego em países desenvolvidos têm sido maiores que os que temos aqui no Brasil. Países ricos que antes tinham economias estabilizadas, hoje enfrentam grandes problemas para conseguir ter crescimento econômico.

Por outro lado, desde que a presidente Dilma assumiu o seu segundo mandato, a dita oposição, fez todos os esforços possíveis para desestabilizar o governo e com isso imobilizá-lo. Aliás, a tática é essa: causar uma crise política que paralise o governo, interfira diretamente na questão econômica, desestabilizando o governo, num círculo vicioso amplamente alimentado pela mídia.

O fato de empresas adotarem programas de demissão voluntária (PDV) muito mais que uma crise, mostra um esgotamento da estratégia adotada até o momento. Como exemplo, a isenção do IPI para veículos automotores, adotada por um período pelo governo federal como forma de aquecer a economia – ação essa sim, a meu ver, totalmente na contramão da história – fez com que grande parcela dos consumidores realizassem ou adiantassem a troca de veículo, esgotando, pelo menos temporariamente, esse mercado. Idem ibidem, com o pólo de duas rodas.

Da mesma forma, a construção desenfreada de grandes Shopping Centers justifica, muito mais que a “crise”, a quebradeira no setor. Se antes bastava erguer um shopping para obter sucesso, hoje é necessário muito marketing, e do bom, para mantê-lo aberto. Como exemplos próximos temos dois shoppings inaugurados em um passado recente aqui em Manaus. Enquanto um se arrasta, o outro vem se dando muito bem. Enquanto um veio de fora, cheio de arrogantes certezas e sem se preocupar em conhecer o mercado local e seus hábitos, o outro nascido de iniciativas locais praticou um bom marketing e decolou mais rapidamente. Marketing é isso, presente desde a concepção do negócio, seu posicionamento até o momento de avaliar a satisfação do cliente.

A par disso, pesquisas de marketing têm demonstrado a existência de um consumidor mais exigente, seletivo e um crescimento das ideias do ambientalismo que pregam o consumo consciente, tudo corroborando para a mudança de cenário e não para crise.

Tratar a situação como “crise” e retrair-se esperando passar levará as empresas à bancarrota, sumindo as pequenas e médias e fortalecendo as grandes.

O momento é de usar a inteligência e, criativamente, encontrar alternativas inovadoras e eficazes para um novo comportamento no mercado e a abertura de um novo ciclo de crescimento.

Tenho repetido com frequência que é o momento de “sair fora da caixa” e deixar de ficar enviando currículos indefinidamente para grandes empresas e multinacionais. O mercado de trabalho vem mudando rapidamente. Existem ainda inúmeros afazeres em áreas diversas à industrial e que carece de profissionais de todas as áreas. Encontrar essas áreas e desenvolvê-las é o verdadeiro “pulo do gato”.

A tudo isso, deu-se o nome de Marketing. Mais do que nunca, é necessário praticá-lo em alto nível.

Aqueles – pessoas físicas ou jurídicas- que forem capaz de proceder essas mudanças sobreviverão, os demais serão subjugados pela inexistência de crise.

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Educação Ambiental (SENAC), MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing – Manaus/ AM e professor universitário.

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O LOBÃO VAI TE PEGAR

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A par das manifestações políticas que vêm acontecendo e da crise econômica por que passa o país, achei interessante, a partir de um post em minha timeline, debruçar-me sobre a crise da comunicação. O post dizia: “Avisa a Globo … que em 64 não tinha Internet”.

Sabemos todos que a Internet revolucionou a forma das pessoas se comunicarem e abriu espaço para que todos, absolutamente todos, pudessem veicular suas opiniões, posições, pensamentos e notícias.

Se, conforme Umberto Eco, deu voz aos imbecis, o que é verdade, por outro lado, acabou com exclusividade de uns poucos em dar informações e com isso formar opiniões a seu bel prazer.

Dependente das verbas publicitárias em sua totalidade, os veículos de comunicação assistem à migração destas em direção à mídia digital.

Pouco se faz para reduzir o impacto desse processo. Jornais limitam-se a reproduzir sua versão escrita em meios digitais e, o que é pior, no mesmo ritmo. As TVS procuram, cada vez mais, sensacionalizar a programação em busca da audiência que, destarte todo esse esforço, continua despencando.

No caso específico da crise política e da Rede Globo de Televisão, acredito que a alta direção da empresa já questiona o acerto da decisão tomada de entrar de cabeça contra o PT. O “golpe” que eles julgavam que seria fácil de se concretizar está se mostrando mais complexo.

A incitação do Jornal Nacional para as pessoas irem às ruas protestar contra a nomeação de Lula como ministro, levou meia dúzia de gatos pingados para a frente da FIESP, sendo boa parte deles funcionários da instituição e coagidos pelo seu chefe a ali permanecer, tudo regado à filet mignon.

A seletividade na cobertura dos eventos, deixando de lado o objetivo de informar e firmando-se no objetivo de conduzir, encontra críticas até dos próprios funcionários da emissora. A meu ver, isso não é jornalismo, é safadeza.

E aí vem o mais grave, para eles é claro, cientes disso, o povo, a população busca se informar e se divertir também, cada vez mais na Internet, o que já vem se tornando um hábito. Todos os estudos mostram que o tempo à frente da televisão vem caindo e em contrapartida o tempo navegando na rede aumentando.

E pronto, está formado o Círculo Vicioso que sabe lá onde levará os atuais veículos de comunicação que resistem às mudanças.

É o chamado efeito Lobão. Só eles não percebem.

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Marketing e Educação Ambiental, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing Manaus/ AM e professor universitário.

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Comprometimento, via de mão dupla.

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Passados mais de 14 anos da publicação desse texto percebe-se que a situação continua a mesma. As empresas sempre cobrando, exaustivamente, obsessivamente o comprometimento e retribuindo com nada.

Quando se apresenta então uma situação de “crise”, aí então que a coisa desanda de vez. A empresa olha só para os seus problemas e o resto, é o resto.

Neste cenário é difícil, impossível mesmo, que haja comprometimento. Vamos cuidar cada um de suas prioridades e ver até onde a coisa vai.

Manaus, 27 de fevereiro de 2016.

Texto publicado originalmente em www.cabugi.com em 14 de janeiro de 2002.

Estou trabalhando em uma série de consultorias simultaneamente.

Trata-se de experiência muito enriquecedora pelo contato que passo a ter com diversas culturas empresariais, objetivos, posturas, personalidades, métodos de trabalho e tudo mais que envolve o dia a dia das empresas e das pessoas que as fazem.

Uma palavra/ comportamento tem se destacado em todas os trabalhos e aparece sempre como expectativa dos empresários, sendo colocada como fundamental para o sucesso do negócio.

A palavra é: COMPROMETIMENTO.

Sem dúvida, o comprometimento de todos com os objetivos empresariais é condição básica para o sucesso de qualquer negócio.

No entanto, o que tem se buscado é o comprometimento como atributo dos funcionários, tentando-se, às vezes, identificá-lo já na entrevista de seleção ou querendo impor este tipo de comportamento de cima para baixo, como se fosse mais uma tarefa, entre tantas, a ser cumprida.

O comprometimento, pelo menos aquele verdadeiro que leva a resultados, é, a princípio e antes de mais nada, uma via de duas mãos, que se retro alimenta. Ou seja, surge, desponta e cresce, na medida em que é recíproco, no sentido empregado – empresa e empresa – empregado.

Surge espontaneamente como resultado de uma série de ações que desencadeiam reações que o reforçam e consubstanciam.

Não pode ser imposto e nem mesmo almejado em ambientes que entendem os resultados empresariais em um único sentido, qual seja, o da empresa.

Quando Bill Gates ganhou o seu primeiro milhão de dólares, seus cinco principais empregados o fizeram na mesma medida e tempo.

Como esperar comprometimento se temos ainda a prática de fragmentar nossos empregados dizendo que: “problemas pessoais você deixa lá fora”. Será que alguém consegue trabalhar bem, esquecendo que tem um filho doente em casa?

Ou que está frustrado por não ter passado no vestibular ou por ter perdido um grande amor?

O comprometimento desenvolve-se com maior facilidade em pessoas que são entendidas, recebidas e encaradas na sua totalidade, com compreensão, comprometimento (também!) e profissionalismo.

Se temos que o comprometimento é desejado e fundamental para o sucesso empresarial, se já vimos que não podemos mais prescindir dos talentos individuais, que são o grande diferencial em relação à concorrência, e se desejamos manter nossos talentos em nossas empresas, comprometidos com nosso sucesso, é hora de revermos posturas e atitudes com o objetivo de alcançarmos o resultado pretendido.

Prazer em revê-los. Fui!

 

Em tempo: Quero agradecer às mensagens de apoio ao meu mau humor da semana passada, uma delas trouxe este texto de Darcy Ribeiro que reproduzo aqui:

 

“Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não salvei. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

 

 

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Marketing e Educação Ambiental, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing Manaus/ AM e professor universitário.

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Sou revolucionário. Sou professor.

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É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz,

de tal forma que, num dado momento,

a tua fala seja a tua prática.

Paulo Freire

 

Desde a minha adolescência tenho essa mania de não aceitar as coisas erradas, de não concordar com abusos e desmandos, de me indignar com a corrupção, de me erguer contra as inúmeras injustiças que assistimos no dia a dia,  “em tudo e em todo lugar”,  parafraseando Vandré.

Em 1964, quando eu tinha 10 anos, o País sofreu um golpe militar que nos levou a um estado de exceção em que desmandos e descalabros foram cometidos sem que ninguém pudesse dizer ou fazer nada impunemente.

Por não concordar com esse estado de exceção e por achar que tínhamos todos que buscar maneiras de reverter essa situação, me insurgi e recebi o rótulo de revolucionário. Muitas coisas foram feitas às escondidas, muitas vezes tive que fugir para não ser pego pela ditadura e, passados 21 anos, pude ver, ao lado de inúmeros companheiros, a democracia ser restabelecida.

Mas o gen de revolucionário não deixou de existir. Muitas coisas ainda tinham (e tem) que mudar, muitos horrores ainda eram (e são) cometidos e para complicar, além das mazelas nacionais, com a chegada da globalização passei a me revoltar também com as mazelas globais. Ontem mesmo dizia em sala de aula que se passarmos os próximos mil anos nos desculpando com o continente africano, ainda não seria o suficiente. Por que? Perguntou uma aluna. Por assistirmos calados e impassíveis a todos os absurdos que se cometem no continente há séculos, por todos aqueles que têm interesses econômicos e escusos nas riquezas naturais da Mama África, lançando a população em uma realidade de miséria absoluta inadmissível.

Mas, voltando ao meu espírito revolucionário (ou de porco para alguns), nunca sosseguei. Continuava aquele incômodo, aquela vontade imensa de mudar o mundo, de torna-lo melhor para todos, de acabar com as injustiças.

Ao mesmo tempo aquela sensação de impotência, de não saber como, de lutar só, de incapacidade.

O tempo foi passando e um dia me encontrei dentro de uma sala de aula, ensinando. Passado o tempo, o que era um bico foi se tornando importante, importante e importante, até que um dia, recentemente, me vi, pela primeira vez, professor, ao descobrir que dava aulas há 16 anos.

E melhor, descobri também que me sinto bem dando aulas, ensinando/aprendendo, permutando conhecimento.

Não gosto quando vêm com aquela história de que professor é um santo, não é uma profissão é uma devoção e outras bobagens que inventam para poderem pagar os salários que pagam. Mas, se insistirmos e persistirmos, chegará um dia em que seremos remunerados por sermos os profissionais competentes e capacitados que na verdade somos. Aliás, como todos deveriam ser.

Outra coisa que descobri, em sendo professor, é que nunca, em momento nenhum de minha vida eu havia sido tão revolucionário. Sim, porque a verdadeira revolução, aquela consistente, aquela duradoura, aquela com alicerces firmes e fortes virá de dentro das salas de aula.

A grande e necessária revolução se dará pela educação de qualidade para todos e em todos os níveis e nisso temos, eu e muitos outros companheiros, nos esmerado revolucionariamente.

Senhoras e senhores, a revolução está em curso. Em cada escola, em cada sala de aula, no coração de cada professor sério e comprometido, no coração de cada aluno interessado em aprender.

E de minha parte posso dizer:

Sou feliz, sou revolucionário, sou professor!

 

Parabéns a todos os meus colegas.

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Amana Key de São Paulo. Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Ciências do Ambienta e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus AM e professor universitário. http://www.marketingenatureza.com.br

 

E nós? Fazemos o quê?

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Primeiro quero declarar minha admiração pela Grazi, não por essa recente cena de sucesso, mas por tudo que ela vem demonstrando ser. A questão do “crack”, essa é muito dura de abordar. Como pessoas em sã consciência podem desenvolver substâncias que levem outras à total destruição? Como as Cracolândias podem continuar a existir, sabedores que somos de tudo que ali se passa.

Não vou esquecer a imensa revolta que me causou, no período eleitoral, reportagem feita pelo CQC, sob o comando de Marcelo Tás (grande safado), envolvendo Aloisio Nunes (picareta de carteirinha) e Eduardo Suplicy (símbolo de integridade), na qual o jornalista/apresentador tentava convencer a sociedade, com o auxílio do picareta, de que o partido deles (não vou mencionar o nome) estava resolvendo o problema da Cracolândia, inclusive com depoimentos de viciados dizendo que agora a vida estava muito melhor. Confesso até que fiquei com um pouco de raiva do Suplicy por ter participado dessa falcatrua jornalística.

Mas, esquecendo a faceta política, as drogas são um problema social seríssimo e que deve ser encarado de frente e com seriedade por todo e qualquer governo.

Talvez a descriminalização seja um caminho para, se não acabar, tornar mais fácil seu controle. Quanto ao crack e outros sintéticos que tem surgido, tão nefastos quanto, devem ser erradicados como uma peste. Aqueles que se valerem dessas drogas para obter lucro devem ser trancafiados pelo resto da existência, sem nenhum tipo de benefício ou apelação. E os viciados? Aqueles que já foram total ou parcialmente destruídos? Aqueles que vagueiam pelas cracolândias do mundo? Esses, a sociedade deve pegar no colo e pedir desculpas pelo mal causado, até que os efeitos sejam reduzidos e façam da vida algo suportável, novamente.

Mas tem que começar já. Mas temos que começar já.

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, APG Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.

Como pode??!!

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Nos últimos anos, até que com alguma frequência, tenho realizado trabalhos que são remunerados com verbas públicas. Em outras ocasiões tive a oportunidade de participar de licitações e as circunstâncias eram as mesmas.

Em ambos os casos e por se tratarem de verbas públicas, havia toda uma série de procedimentos que possibilitavam a realização dos pagamentos devidos à minha empresa.

Dentre esses, apresentar Certidões Negativas em todos os níveis, comprobatórias de estar-se quites com os poderes públicos, no que se refere à impostos, taxas etc. Certidão Negativa Municipal, Estadual, Receita Federal, Dívida Ativa da União e Estado, FGTS, INSS. A não apresentação de alguma dessas, apenas uma, impossibilitava o pagamento devido, até que se sanasse a pendência.

Muitas vezes inclusive, tive que realizar pagamentos de impostos antes mesmo de receber o que me era devido, por causa da demora no pagamento.

Até hoje tenho um a receber de um governo do PSB, que há 12 anos era algo em torno de R$ 60 mil, dos quais paguei adiantado (pela emissão da NF), mais ou menos R$ 11,4 mil de impostos, sem o que não obteria as certidões e não receberia o principal. Até hoje, nesse caso, de real só o pagamento dos impostos. Mas, tudo bem, vamos em frente.

O que me deixa admirado é que grandes empresas, entre elas a Rede Globo de Televisão, têm dívidas com o poder público, cuja existência e montante é do conhecimento de todos (só precisa querer saber, quem não quer não sabe) e, no entanto, continuam recebendo dinheiro do estado. Ou será que todos os valores da propaganda oficial veiculada está retido por falta de certidões?

Como a emissora, deve haver uma lista enorme de outras grandes empresas na mesma situação. Vem daí a pergunta: Como pode?

Em um momento de “crise”, em que o governo se vê às voltas com problemas de caixa, acredito que seria a hora de cobrar esses passivos e com isso reforçar o caixa. E, inquestionavelmente, a melhor forma de cobrar esses atrasados é deixar de pagar os atuais.

Deveria-se, também, implementar efetivas ações que coibissem a sonegação fiscal, outra prática comum entre os grandes. Segundo Delfim Neto, à época ministro, “no Brasil só paga imposto quem tem contador incompetente”. Esse mesmo que anda dando declarações de ética e honestidade.

Começar a taxar as grandes fortunas, que significa, no mínimo, encarar de frente a vala da desigualdade que impera no país. Promover efetivamente a distribuição das riquezas.

Por fim, acabar com as isenções sem sentido, como a das igrejas que arrecadam fortunas e não pagam um centavo de impostos.

Com essas ações, apenas, certamente cobrir-se-ia o déficit existente e não haveria necessidade de cortar investimentos, aumentar ou criar novos impostos.

Mas, para tudo isso falta vontade política, falta coragem para fazer o que realmente deve ser feito.

O grande erro do PT foi ter aberto mão daquilo que pregava em nome da governabilidade. Isso fez com que tivesse que entrar de cabeça em um sistema corrupto que existe desde o Tratado de Tordesilhas e acabasse atolado na lama em que está.

A mesa já virou, então esse é o momento de fazer o que tem que ser feito, com coragem e buscando o apoio dos bons, apenas dos bons. O que vier como resultado, seja lá qual for, será honrado e pra mim isso basta.

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, APG Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.