Comprometimento

comprometimento

 

Artigo publicado originalmente em cabugi.com, 24/6/2002.

 

Às vezes me surpreendo com a velocidade com que os cenários vão se alterando. Não só em termos de conhecimento ou tecnológicos, mas principalmente em relação às posturas.

Até pouco tempo, em muitos lugares até hoje, havia aquela norma de que: “seus problemas ficam no relógio do ponto, não vêm para dentro da empresa”.

Surpreende, após todo conhecimento produzido pela Teoria Quântica, a pretensão de alguns em querer separar as coisas. Hoje, temos a plena convicção de que as pessoas são únicas e parte do todo, sempre. Que os indivíduos têm, indiscriminadamente, um lado “bom” e um lado “ruim”, uma parcela yang e outra yin. E neste embalo, as empresas que são também organismos vivos, passam pelo mesmo processo. Querer ignorar uma das partes é querer tapar o sol com a peneira, é desprezar o todo, uma vez que, são partes inseparáveis, não subsistem uma sem a outra.

O objetivo generalizado, portanto, é estabelecer parâmetros de convivência com esse todo individual, buscando a harmonia coletiva e o desequilíbrio positivo.

Para isso é indispensável uma postura que tem sido a mais solicitada em todo e qualquer tipo de treinamento empresarial, tendo sido inclusive tema de outro artigo.

O comprometimento.

Aquela velha atitude de se passar anos a fio em um mesmo emprego, à margem de todos os acontecimentos, sem se importar com os acontecimentos, sem se envolver com os rumos a serem seguidos já não é mais possível.

Da mesma forma, às empresas já não é mais admissível que mantenham um funcionário, por anos a fio, sem que ele passe de um número no livro de registros, sem que se conheçam suas expectativas, seus problemas, seus sonhos e dificuldades.

O comprometimento é via de mão dupla.

Sendo essa a maior expectativa das grandes empresas nos dias de hoje, surge, a meu ver, mais uma prova da indivisibilidade dos comportamentos. Não são essas nossas mesmas expectativas em termos pessoais? Nossos anseios particulares não são exatamente os mesmos? O quê esperamos dos amigos, da pessoa amada, dos filhos, dos pais, de todos que de alguma forma conosco se relacionam, senão COMPROMETIMENTO?

Da mesma forma que a característica dos empregos está mudando, mudam também as características dos relacionamentos. Se já não são mais duradouros como em outros tempos ou “até que a morte os separe”, devem ser, obrigatoriamente, comprometidos até a alma ou impossíveis de se realizar.

Se não se é capaz de se envolver profundamente, COMPROMETIDAMENTE, com os objetivos da empresa para qual trabalha ou com a vida da pessoa com quem convive, desista. Parta para outra tentativa, não fique ocupando espaço. Haverá um sentimento de insatisfação permanente, além de não permitir que outrem, capaz de se comprometer, ocupe aquele lugar.

Dizem que os poetas são os profetas da vida. Dois trechos, de dois poetas, comprovam há muito tempo o que se vê agora:

“que não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure” Vinícius de Morais e “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” Fernando Pessoa. Isso é comprometimento puro.

Prazer em revê-los. Fui!

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela Amana Key de São Paulo. Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Ciências do Ambienta e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus AM e professor universitário. http://www.marketingenatureza.com.br