“Me dá uma ideia aí…”

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Artigo publicado originalmente em cabugi.com em 19/11/2001.

O diferencial competitivo das organizações reside, hoje em dia, no talento e no potencial criativo dos recursos humanos.

Vivemos a era do conhecimento, da informação e da capacidade de recolher e organizar tudo isso que está à nossa disposição e transformar em ações que levem ao encontro da realização de todos os objetivos ligados à vida.

De certa forma podemos dizer que a propriedade dos “meios de produção” migrou do capitalista para o trabalhador.

Isso traz para o centro das discussões a questão da Propriedade Intelectual, uma vez que, os citados talento e potencial criativo são características pessoais e individuais.

As empresas lutam por conquistar profissionais que, por si só, constituem diferenciais efetivos e fazem a diferença em relação aos concorrentes.

Algumas vezes as características são pessoais e intransferíveis, como no caso, p.ex. de Michael Schummacker. Seu talento pessoal e conhecimento de técnicas de pilotagem levaram, a hoje medíocre Bennetton, a dois títulos mundiais, assim como, retiraram a gloriosa Ferrari do ostracismo em que vivia.

A equipe que tiver a competência do alemão a seu serviço, contará com um diferencial que a tornará muito mais competitiva, não só nas pistas, como na captação de patrocínios, apoios e rentabilidade. E isso é intransferível. Por mais que se tente, não dá para copiar.

Por outro lado, porém, o desenvolvimento de novas técnicas, sistemas de operação etc, são passíveis de cópia e, muitas vezes, não são levados em conta os direitos do criador.

No contexto do crescimento da intangibilidade do valor, temos que colocar em pauta e discutir seriamente a questão da Propriedade Intelectual de forma a estabelecer parâmetros de atuação que incentivem e permitam o surgimento de novas idéias, amparadas por preceitos éticos que a resguardem do canibalismo.

Algumas organizações, já conscientes e reconhecedoras deste valor, compram as idéias de seus empregados, chegando até a estabelecer critérios de remuneração para iniciativas de destaque e que as levem – as organizações – à conquista de mercado e rentabilidade.

No Brasil, ainda engatinhamos nesse quesito e a displicência com a questão da Propriedade Intelectual é fato comum.

Tal postura leva à desconfiança e desmotivação que, por sua vez, leva à esterilidade e mediocridade.

Acredito ser este o momento para novamente discutirmos essa questão, em todos os fóruns possíveis, e colocar em prática de forma séria, parâmetros de atuação.

“…me dá uma idéia aí…”, não cabe mais.

Prazer em revê-los. Fui!

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, em Educação Ambiental pelo SENAC, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/ AM.

 

Marketing do Eu S.A.

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Artigo publicado originalmente no portal cabugi.com (Natal/ RN) em 12/11/2001

 

“Não mais a empresa, mas os indivíduos e seus conhecimentos, é que estão se tornando a principal unidade organizadora. O mercado está desenvolvendo formas de captá-los, avaliá-los, comercializá-los e

recompensá-los à altura”.

(Stan Davis e Christopher Meyer em BLUR).

Toda e qualquer estratégia ou proposta de marketing deve ser amparada por uma sólida e consistente verdade. Senão, é antimarketing. E isso é válido para todas as atividades de marketing, inclusive para o pessoal.

Na nova realidade do mercado de trabalho, os valores transferiram-se para a quantidade de conhecimento acumulado, fazendo com que os profissionais passassem a ser os proprietários dos meios de produção.

Os ativos intangíveis do novo profissional residem em seu conhecimento, seus relacionamentos de trabalho (network), suas experiências e vivências. Abrem a possibilidade de oferecimento dos talentos individuais independente de distância, tempo e presença física. Pode-se trabalhar para empresas a quilômetros de distância, para 1, 2 ou mil empresas simultaneamente, dependendo exclusivamente do talento e da conectividade.

Nesse contexto o marketing pessoal passa a ter grande importância. Não podemos esquecer que a estrada é de mão dupla e que, assim como podemos oferecer nossos préstimos a empresas distantes, os profissionais distantes têm a mesma chance em relação às empresas ao nosso redor.

Por isso tudo, o marketing pessoal não difere em nada do marketing de outros serviços e, volto a repetir, tem que estar baseado em uma clara e explícita verdade.

Marca, posicionamento, estratégia de preço, composto de produto/serviço, composto promocional e logística de distribuição devem ser analisados exatamente da mesma forma que quando da gestão de um produto ou serviço empresarial.

Ética, princípios, confiabilidade, integridade, coerência, competência e efetividade de resultados são valores primordiais, esperados e exigidos pelo mercado comprador de serviços profissionais e vêm em substituição à valorização da capacidade de tecer complicadíssimas  redes de subterfúgios e “arrumadinhos” que garantiam a realização de negócios.

O marketing pessoal pode ser feito de forma direta – compre o o Asdrúbal, ele é ótimo e custa apenas…- ou de forma indireta – Asdrúbal está ligado a movimentos sociais, ecológicos, comprometido com grandes realizações culturais, tem um histórico de integridade e resultados transformadores e altamente positivos -, da mesma forma que em outros serviços.

Insistentemente, em ambos os casos a verdade como pano de fundo é primordial.

Deve ser encarado de forma sistêmica, quântica. Nada mais do: “ele é super legal, mas quando trabalha esquece tudo em busca dos resultados”. Tais tipos de postura liquidam a consistência de qualquer possibilidade de marketing pessoal.

É utilizado para e tem impacto sobre todos os aspectos inerentes à vida. Vendemo-nos 24 horas por dia, em todos os sentidos, o que reveste a atividade de extraordinária importância.

Por fim, existem dois caminhos a seguir, normalmente confundidos entre si, apesar de absolutamente diferentes. O primeiro é do marketing pessoal, baseado (outra vez!) em verdades. O outro, muito utilizado também, é baseado em egos super valorizados e, consistentemente, não leva a lugar algum. A esse, chamo de auto promoção.

Prazer em revê-los. Fui!

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, em Educação Ambiental pelo SENAC, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/ AM.