Agricultura Familiar

A atividade da Agricultura Familiar tem um papel de grande importância no cenário econômico nacional.

Segundo o censo agropecuário IBGE 2006, os estabelecimentos caracterizados como tal somavam, à época, 4,3 milhões de propriedades com área de 80 milhões de hectares, equivalente a 24,3% do total da área de agricultura.

A produção destas propriedades está ligada diretamente a itens da cesta básica. Significativa parte da mandioca, feijão, milho, café, arroz, leite, suínos, aves e bovinos, além do trigo são produzidos pela agricultura familiar.

Com todos esses grandes números, imagina-se ser a Agricultura Familiar uma atividade rentável, capaz de proporcionar aos agricultores familiares uma boa qualidade de vida.  Na região Norte, por exemplo, em uma área média de 57 hectares a renda média anual foi (considerando ainda o censo IBGE 2006) de    R$ 355,12, ou seja, R$ 29,59 por mês.

Fica claro que com todos os benefícios da vida no campo e considerando ainda que boa parte da produção destina-se ao consumo próprio, o rendimento financeiro do trabalho do agricultor familiar é irrisório, comprometendo seriamente sua qualidade de vida e deixando-o exposto a todo tipo de exploração.

Quando optei por realizar pesquisa de mestrado focando a utilização das ferramentas do marketing como forma de potencializar os resultados da agricultura familiar, o fiz por entender que a conservação dos recursos naturais e mesmo a soberania nacional passam obrigatoriamente por essa questão.

Obtendo parcos resultados financeiros do produto de seu trabalho, o agricultor familiar tem que aumentar sua área de produção, o que significa (aqui na região Norte) desmatar maiores áreas. Essa equação tem seu limite definido pela capacidade de trabalho individual do agricultor familiar ou de sua família.

Nessa situação, que repito, não é de miséria absoluta, o segmento composto por agricultores familiares fica exposto a todo tipo de investidas capitalistas. Desde a sub-valorização do resultado de seu trabalho, até a expulsão para locais mais distantes como resultado da especulação imobiliária.

Nesse sentido, a utilização das técnicas do marketing nessa atividade não tem como objetivo tornar o agricultor familiar um capitalista, mas sim fornecer-lhe as ferramentas necessárias para que, obtendo melhores resultados financeiros possa ter maior qualidade de vida, conservar maiores áreas preservadas e sentir-se protegido contra as investidas capitalistas.

Se olharmos rapidamente para a história recente da África veremos que as grandes mazelas do continente, e não são poucas, são financiadas pela ganância capitalista que fomenta o desequilíbrio social para criar as condições necessárias à exploração dos recursos naturais valiosos ao sistema.

Uma rápida projeção sobre o amanhã nos mostrará que a região Norte do Brasil tem alguns dos bens que serão mais valiosos em um futuro próximo. A água e o enorme banco genético formado pela biodiversidade. Será que a ganância capitalista irá respeitar os direitos locais quando necessitar de tais recursos? Será que os agricultores familiares, os ribeirinhos, os indígenas, os seringueiros terão condições de resistir à sedução capitalista ou seremos a África de amanhã?

Que caminho é esse?

Ainda não tem um ano que terminei o mestrado no Centro de Ciências do Ambiente,  na UFAM – Universidade Federal do Amazonas. O tema: “Marketing e a conservação de recursos naturais em Manacapuru – AM”.

A partir dessa ideia avaliou-se a efetividade da utilização das ferramentas do marketing para a potencialização da agricultura familiar e, consequentemente, a conservação dos recursos naturais.

Desde o início, em função da experiência adquirida anteriormente na área do marketing, já se sabia da possibilidade de utilização do ferramental desta área de conhecimento e da contribuição que poderia dar à atividade agrícola familiar.

Coisas como planejamento, pesquisa, venda e outras fariam com que os agricultores obtivessem bem mais resultados financeiros do que até então, mantendo a mesma filosofia de preservação.

Em resumo, a atividade poderia ser familiar da porteira para dentro. Da porteira para fora tinha que profissionalizar-se ou seria engolida pela voracidade dos mercados.

Porém, o mais importante para as conclusões obtidas com a pesquisa, foi confirmar a impossibilidade de convivência entre sustentabilidade e capitalismo.

São ideais antagônicos que não convivem em hipótese alguma. Um determina a inexistência do outro.

O capitalismo baseia-se no acúmulo de bens, no consumo crescente baseado em desejos, na exploração irrestrita de meios e recursos, tudo a uma velocidade assustadora.

A sustentabilidade, por sua vez, busca um ritmo mais adequado aos processos naturais, o consumo consciente e pautado pelas necessidades, na equidade entre todos os elos da cadeia produtiva. Em resumo, a sustentabilidade é o oposto do capitalismo.

No entanto, o que se percebe, é a tentativa (vã) de se adequar a sustentabilidade ao capitalismo, o que se convencionou chamar de desenvolvimento sustentável, que entre outras coisas abre a possibilidade de se pagar pela destruição.

Em paralelo, é anunciado o fracasso das iniciativas, a superficialidade e a ineficiência de todas as elas, tornando os projetos de desenvolvimento sustentável insustentáveis em si mesmos, na grande maioria das vezes.

Falta a vontade, talvez a coragem de discutir o que deve ser discutido. Enquanto não se colocar em pauta a impossibilidade de uma sustentabilidade capitalista, estaremos apenas postergando a catástrofe maior.

Chegamos à Era Digital

Quando a Internet começou a ganhar força, por volta de 1998, nem se imaginava a dimensão que iria tomar.

Na época trabalhava no maior jornal do Rio Grande do Norte, onde era gerente de marketing. A redação havia acabado de passar por uma reforma gráfica e editorial em que foram instalados computadores para todos os jornalistas e iniciou-se a utilização de “softwares” modernos para diagramação e paginação do jornal. Uma verdadeira revolução. Mas de Internet ninguém falava.

O primeiro setor a ter a Internet instalada foi o marketing. Era uma conexão discada, lenta e dificílima de usar pois precisava-se saber a URL dos sites e estas eram muito complicadas. Desanimava qualquer um.

E aquela coisa de email? Divulgávamos, não divulgávamos. Quem iria receber e como iria funcionar? Tudo era uma imensa incógnita.

Para a web tomar conta de tudo, porém, foi muito rápido. Em muito pouco tempo todo o jornal estava conectado, cada jornalista tinha seu próprio e-mail, os sites de busca possibilitavam que se conectasse a inúmeras empresas, os anúncios chegavam por email, enfim, estabeleceu-se a era da Internet.

De lá para cá a coisa chegou a tal ponto que não sabemos mais como seria possível viver sem a grande rede.

Há pouco tempo, coisa de ano e meio, participei de uma série de discussões que me remeteram aos tempos do jornal. A questão debatida era: a propaganda vai migrar para a Internet ou não? Continuarão a existir as mídias normais? O que irá acontecer a esse segmento?

Acredito que tal questionamento já foi esclarecido lá atrás, quando surgiu a grande rede e os caminhos que trilhou, desde então.

É claro que a propaganda vai migrar para a Internet e da mesma forma que jornais passaram a ter edições eletrônicas, as empresas passarão a ter propaganda digital.

É o conceito de Marketing Digital, ainda em estudo, mas já deixando claro ter suas características específicas. As discussões mencionadas deram-se em uma agência de propaganda que, por um lado estava ciente da migração para essa nova mídia e, por outro lado buscava definir como ganharia dinheiro a partir de então, sem o famigerado Bônus de Veiculação pago pelos veículos tradicionais.

Hoje, escuto discussões de empresas sobre se estarão ou não na Internet. Parece-me claro que é imprescindível para qualquer empresa estar presente na web. Para as empresas também. Mais de 90% delas já têm seu site ou blog e com certeza todas utilizam e-mails e fazem consultas via rede.

O que não existe ainda de forma clara é como utilizar tais recursos em benefício próprio.

Se navegarmos rapidamente pelos inúmeros sites de empresas que conhecemos perceberemos, primeiro: 99% delas tem o seu site. Segundo: 99% dos sites estão desatualizados, esquecidos, abandonados.

Considerando que as sociedades utilizam cada vez mais a Internet para tudo, pesquisar, estudar, comparar preços ou comprar, a existência de sites ligados às empresas sem informações atualizadas, verdadeiras e seguras, ou mesmo, de qualidade duvidosa em que fica claro que a mídia internet está em segundo plano, trabalham fortemente contra a empresa e seus negócios.

É comum na atualidade nos deparamos com empresas grandes, às vezes até líderes em seus segmentos, das quais nunca ouvimos falar anteriormente, nunca vimos uma loja ou propaganda em qualquer veículo tradicional.

São empresas que fizeram-se levando a Internet a sério e utilizando-a de forma adequada e, com isso, conquistaram significativas fatias do mercado e apresentam uma vitalidade de fazer inveja às concorrentes.

Em resumo, se a sua empresa está discutindo se deve ou não estar na Internet, está muito atrasada. Se já está na internet sem dar muita atenção ao meio, está trabalhando contra seu próprio negócio. Se está na rede usando-a de acordo com suas características, está entendendo tudo que foi dito e vangloriando-se de ter tido essa visão.

Marketing Institucional*

Vamos imaginar uma brincadeira de tiro ao alvo em que o principal objetivo seja acertar a mosca. O marketing institucional pode ser entendido como a ação que ou aumenta a mosca ou aproxima o alvo.

O marketing institucional busca reforçar a imagem e/ou a marca da empresa junto ao público consumidor de forma positiva.

Em publicação na revista HSM Management artigo de Seth Godin, autor de Marketing de Permissão e ex-presidente de marketing direto da Yahoo!, afirma que: “ Na nova economia os consumidores geraram anticorpos resistentes ao marketing tradicional. (…) deve-se criar um ambiente em que as pessoas, por si mesmas, se encarreguem de difundir as idéias”

Em artigo neste mesmo blog, Visão Quântica, já havia levantado essa questão. Não adianta imaginar que os indivíduos terão comportamentos mecânicos face às ações de marketing. Se quisermos obter “share of market” (participação de mercado) precisamos primeiro obter “ share of mind” (participação na mente do consumidor) e sonhar com “ share of heart” (que eles nos amem perdidamente).

Para isso é preciso ter: 1) uma proposta baseada estritamente em verdades. Fazer marketing não é enrolar o consumidor; 2) que a nossa proposta esteja alinhada com as expectativas e anseios da sociedade; 3) achar o canal de comunicação que faça com que o consumidor tome conhecimento destas nossas posturas.

O primeiro item está contido na definição de missão, visão e valores empresariais. O segundo surge como resultado da sensibilidade e conhecimento do mercado em que se pretende atuar e o terceiro tem obtido sucesso através das ações de marketing institucional.

Investir em idéias, esportes, cultura, meio ambiente, programas de fundo social e, mais que investir, envolver-se verdadeiramente com estas questões e demonstrar explicitamente à comunidade seu interesse em cumprir também o seu papel social e não só o econômico.

Em experiência realizada em empresa de Natal (2001), redistribui a verba publicitária, deslocando parte do que era destinado à mídia promocional para a realização de eventos próprios ou patrocínio de iniciativas de terceiros e o resultado pode ser perfeitamente mensurado através do acréscimo significativo das vendas.

E aí chegamos ao: “diga-me com quem andas e te direi quem és”. Como escolher a o quê associar sua marca e imagem institucional?

Aí vão algumas dicas que foram sendo sedimentadas ao longo dos anos.

1)     analise o público a que está dirigido o evento (música, teatro, esporte, cultura) ao qual você vai se associar e verifique se existe identidade com o público que sua empresa quer se relacionar;

2)     analise que tipo de experiência o evento causará neste público, se ela será positiva ou negativa;

3)     analise a reputação das pessoas ou entidades responsáveis pelo evento e verifique como ocorreram outros eventos anteriormente dirigidos por elas;

4)     analise a proposta financeira do evento e verifique se não está super estimada ou em desacordo com seu orçamento.

Se todas estas análises levarem a um parecer positivo sobre a associação de sua marca e imagem institucional ao evento proposto, crie coragem e assine o contrato. Você verá que o resultado aparece bem mais cedo do que se espera e o ganho não se restringe ao caixa. É significativo em termos de marca e imagem também.

Nos últimos anos ganhou força a ideia da Responsabilidade Social Empresarial. Mais do que nunca as empresas estão enxergando a necessidade de interagir com as comunidades que as cerca, assim como com o ambiente em que vivem.

Que, tão importante quanto a missão econômica é a missão sócio-ambiental e que da mesma forma que foram, em grande parte, responsáveis por realidades sociais e ambientais problemáticas, têm também a possibilidade de reverter esse quadro.

Caso você queira saber a quantas anda a responsabilidade social em sua empresa, o site www.ethos.org.br disponibiliza um questionário de avaliação muito completo e com altíssima qualidade. Aliás, como todo o site.

A RSE é a mais importante ferramenta do marketing institucional nos dias de hoje.

* Artigo publicado originalmente em www.cabugi.com em junho de 2001.

Marketing é Marketing

Nem bem sedimentou o conceito do que é, na realidade, marketing e já vemos surgir com força o marketing digital.

A meu ver, marketing sempre foi “a arte de manter relacionamentos consistentes e verdadeiros, capazes de promover a satisfação e o crescimento de todas as partes envolvidas.”

Muito mais que comunicação ou comercialização, cabe ao marketing o planejamento – estratégico, tático e operacional – e a gestão dos relacionamentos mantidos pela empresa, instituição ou entidade em todos os níveis. Isso é marketing nos dias de hoje.

Como gerencia relacionamentos, cabe-lhe também a tarefa de unir todos os setores da empresa, instituição ou entidade em torno de um objetivo comum.

É uma atividade complexa e permanentemente interligada a todas as demais.

Essa complexidade do marketing off-line, ainda não compreendida e assimilada, transfere-se de forma integral para o marketing digital.

A digitalização do processo não interfere em nada nos conceitos. Planejar e administrar relacionamentos é também a principal função do Marketing Digital.

Mudam, radicalmente, os conteúdos e as formas de se fazer isso. Se antes havia carência de espaço e tempo para explicar profundamente uma empresa, um serviço ou um produto, hoje os sites, blogs e outros possibilitam essa realização, e mais, da maneira que a companhia desejar.

As possibilidades de contato com a sociedade, o público alvo, consumidores e indivíduos multiplicaram-se de maneira  inacreditável e abriram possibilidades enormes de interação.

Os custos exorbitantes dos pontos percentuais nas ações de comunicação foram substituídos por custo/clique e reduzidos drasticamente. Hoje prevalece a inteligência e a capacidade de oferecer, de fato, o que se espera.

Porém, na essência, o marketing de ontem e o marketing de hoje, sejam on ou off-line, são exatamente os mesmos: obrigatoriamente baseados em verdades, conscientes do papel sócio-ambiental que lhes cabe e totalmente voltados para a sustentabilidade.

Como anda o marketing da sua empresa?