Que bom! Podemos mandar a Presidente tomar no c…
Desculpem a grosseria, mas para demonstrar o que pretendo tem que ser assim, no nível da elitizinha presente à abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, casa do povo.
Desde que me entendo por gente vivi sob as ordens de presidentes como: Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Todos péssimos. No plano econômico endividaram o país ao máximo, sem dar satisfação à ninguém, tornando-nos reféns do FMI. Nos planos político e social, fecharam o congresso, reabriram sob cabresto, editaram AI 5, torturaram e mataram de todas as formas e por todos os motivos possíveis, colocaram alcaguetes em salas de aula , exilaram artistas e intelectuais e, pra resumir, causaram ao país um atraso de 50 anos.
No período de 1964 a 1985, tempo que durou a ditadura militar, infinitas vezes eu tive vontade de mandar os presidentes para esse lugar que não quero mais repetir, tive vontade de falar coisas muito piores a todos eles, por motivos muito mais graves que os atuais. Ah se eu pudesse falar a cada um deles tudo que tinha vontade.
Mas eu não podia. Ninguém podia ao menos questionar as atitudes mais banais tomadas pelo governo. Vivíamos sob o medo, nas escolas, nas universidades, nos bares, sempre podia haver um agente escondido que, se ouvisse alguma coisa contra os presidentes, imediatamente prenderia o autor da crítica e sabe-se lá o que iria acontecer daí em diante. Foram 31 anos de silêncio, de opressão, de bocas caladas ou calamos a boca.
O tempo passou, conseguimos reverter a situação e, a par de todo absurdo, de toda falta de educação, da demonstração clara da mediocridade de nossa pequena burguesia, hoje podemos, em praça pública, com transmissão para todo o mundo, com 3 bilhões de pessoas assistindo, mandar nossa presidente tomar no cú (desculpem). Que vergonha!
Quero aproveitar para agradecer e parabenizar a senhora presidente Dilma Roussef, primeiro por garantir a todos aqueles imbecis o direito de manifestar livremente sua imbecilidade.
Quero ressaltar também sua serenidade e altivez senhora Presidente. A senhora poderia mandar todos de volta, pelo microfone, poderia ter dado o dedo para toda torcida e para o mundo. Poderia ter chamado o exército, a polícia federal, a polícia militar e mandado esvaziar as arquibancadas, deixando o jogo para iniciar quando o estádio estivesse vazio. Tudo isso a senhora poderia ter feito, afinal, é a mandatária maior do País.
Mas não, visivelmente constrangida continuou impassível, emocionando-se com o hino e torcendo pelo sucesso da nossa seleção. Foi uma aula de democracia, para aquela elitizinha cretina e para o mundo.
Tenho, claro, como todo brasileiro, inúmeros questionamentos a fazer. Sobre a corrupção, sobre essa absurda submissão aos ditames da FIFA, casa da corrupção, pela situação da educação, da saúde, pelas alianças com partidos que sabidamente não prestam, por um monte de motivos. E não é com a Copa, esteja certa a senhora, que vou esquecer disso tudo.
Mas parabéns, pelo seu comportamento na abertura da Copa e por ser firmemente uma defensora da liberdade de expressão. Se adiantar alguma coisa, aceite minhas desculpas em nome dos imbecis que fizeram ontem o que fizeram.
Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargasl, APG Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.