Foto: Marcos Santos/ USP Imagens
Ser professor universitário nunca foi das tarefas mais fáceis. Deixando de lado, não por ser menos importante mas apenas para focar em outro aspecto, a questão da remuneração que é indecente, vamos nos ater às questões de forma e conteúdo.
A forma que se ensina hoje, ainda que com todos os avanços tecnológicos, é a mesma de cinquenta, talvez cem anos atrás. Claro que hoje com “data-show”, possibilidades de figuras e filmes, blogs, redes sociais e outros, mas sem alterações na essência.
No início do período, e esse período pode ser de vários anos, define-se a ementa, o conteúdo programático, o plano de aulas e, daí em diante, é só enfiar goela abaixo dos alunos e pronto! O curso está dado.
Mas eu queria alterar a ementa…
Só quando o MEC vier novamente.
E quando será?
Só deus sabe.
E assim conteúdos vão sendo petrificados ao longo do tempo, independente das mudanças que ocorrem no cenário em que os alunos irão atuar.
Talvez como consequência, eu disse talvez, o desinteresse dos alunos é gritante. Parece que estão nos fazendo um favor em estar em sala de aula. De certa forma, até com razão. Contribui para esse desinteresse, talvez também, a falta de perspectiva futura. Estudar, se aprofundar, se interessar, para quê?
Esse desinteresse associado à falta de perspectiva terminam por minar as tentativas de, no dia a dia, subvertermos a ordem e, apesar das ementas, buscarmos mudar a forma e atualizar conteúdos.
Sou facilitador em um curso em que a criatividade é a base de tudo (O trabalho final desse curso criativo, tem que seguir as normas da ABNT) e cujo segmento está passando por profundas mudanças conceituais e operacionais. Procuro, de todas as maneiras e com todas as dúvidas e incertezas que os tempos me fazem ter, proporcionar aos educandos experiências essencialmente ligadas à realidade que eles encontrarão no mercado de trabalho.
E, devo confessar, não tenho obtido muito sucesso, pelo menos ao meu ver. Sucesso esse representado pela percepção de que os educandos aprenderam e apreenderam o conteúdo apresentado e mais, que tudo aquilo será de alguma utilidade na vida profissional de cada um deles.
Vejo exemplos de universidades notáveis no mundo que, já percebendo essa situação, mudaram radicalmente a forma de seus cursos e vêm obtendo grande sucesso, instituição e educandos. O que falta para seguirmos o mesmo caminho?
Talvez, outra vez talvez, um dos caminhos esteja na mudança do enfoque econômico que prioriza encher salas de alunos pagantes ou bolsistas, e começar a selecionar pela clara demonstração de interesse de cada um dos postulantes ao curso.
Enfim, ao término de tudo isso, aplicamos uma prova e atribuímos uma nota de acordo com os acertos. Caso o aluno obtenha a média pré-estabelecida, segue. Se não, começará tudo de novo.
E nós também. Até quando?
Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, APGeano pela Amana Key de São Paulo, Especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM. Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing e Professor Universitário em Manaus/AM. Visite: www.marketingenatureza.com.br