Planejamento Estratégico

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Para definir o que é Planejamento Estratégico, usarei as palavras de Oscar Motomura, fundador da Amana Key/ SP:

“planejar estrategicamente é ocupar pontos vazios no futuro”.

Esta é, sem dúvida, a melhor definição que encontrei até hoje.

Está diretamente ligada à definição de: quem somos, onde estamos, qual é o nosso negócio e o que seremos, onde estaremos e qual será nosso negócio daqui a 10 anos?

Em função destas respostas e das expectativas alimentadas pela empresa em relação ao futuro são traçadas as políticas e diretrizes que a levarão à consecução dos objetivos almejados.

Neste processo são analisados os fatores internos da empresa para determinação dos pontos fortes e pontos fracos e os fatores externos à empresa que apontarão as ameaças e oportunidades.

Segundo Michael Porter, o escopo destas análises deve recair sobre o reconhecimento da existência de cinco forças competitivas básicas. São elas: 1) entrantes – novas empresas que chegam ao mercado para atuar no mesmo ramo de atividade que a sua empresa; 2) ameaça de substituição – produtos ou serviços que são lançados e substituem o produto/ serviço com o qual sua empresa trabalha; 3) poder de negociação dos compradores ou relacionamento com clientes – pulverização de sua carteira versus concentração de grande parte dos pedidos em poucos clientes; 4) poder de negociação dos fornecedores ou relacionamento com fornecedores – grau de dependência que sua empresa mantém com um determinado fornecedor versus matriz de fornecedores mais ampla, 5) intensidade da rivalidade entre concorrentes – que pode acarretar movimentos e contra movimentos que interferem diretamente no quesito rentabilidade.

Essas forças são as determinantes dos pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades e sua análise determinará as ações necessárias ao melhor aproveitamento dos aspectos positivos e à redução ou eliminação dos aspectos negativos.

Vamos voltar e entender o Planejamento Estratégico  e sua definição, “planejar estrategicamente é ocupar pontos vazios no futuro”.

Para exemplificar vamos analisar a questão dos transportes coletivos.

Em todo País, as empresas de transporte coletivo centraram-se na crença de que o negócio que possuíam era “serviço de ônibus”, amparado pela concessão de linhas pelas prefeituras. Tal convicção levou os empresários do setor a focalizar suas preocupações em valores de tarifas e lobbies para aumento de preços.

Se, por outro lado, tivessem pensado estrategicamente e percebido que o negócio deles era transporte de pessoas e mais, que essas pessoas eram clientes e alimentavam expectativas quanto a conforto, freqüência, variedade de itinerários, certamente não estaríamos assistindo hoje à verdadeira guerra entre ônibus e alternativos que assistimos.

Sem dúvida, manter um ônibus enorme circulando vazio o dia todo comprometia a rentabilidade da empresa, um ponto fraco.

Sem dúvida também, manter clientes mal atendidos, retirando os ônibus de circulação nos horários de menor movimento e abarrotados nos horários de pico, era uma ameaça.

O pensamento estratégico teria indicado a esses empresários que a melhor maneira de resolver o problema teria sido, eles mesmos, detentores das concessões de linhas, colocarem carros menores para atender aos clientes nos horários de baixa, sem comprometer a rentabilidade das companhias e reforçando a frota no horário de pico, oferecendo também maior conforto aos passageiros.

Como isso não ocorreu, ficou aberto um flanco para entrada de um serviço substituto que, em todo País, arrebanhou um grande número de clientes.

As companhias ferroviárias americanas passaram pelo mesmo processo e em diversas outras áreas o mesmo aconteceu.

São passados mais de 20 anos do lançamento do livro “Estratégia Competitiva” de Michael Porter e nós, brasileiros, estamos engatinhando em estratégia competitiva e planejamento estratégico.

A realidade da globalização, porém, não nos dá mais esse direito e ou acordamos para a nova realidade ou teremos, cada dia mais, que aprender marcas difíceis de pronunciar.
Artigo publicado originalmente em cabugi.com em 29/06/2001

Ética é a opção pelo bem comum

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Profissionalismo e Ética

Continuando o assunto abordado no último artigo, formação profissional, a questão dos valores vem à tona de forma natural.

De maneira geral a sociedade vem passando por processo que leva à exigência de comportamentos profissionais e éticos e a questão que se coloca é: será possível dissociar as duas coisas?

Creio que profissionalismo sem ética é impossível, já o inverso em algumas situações é plausível.

Profissionalismo é um conjunto formado por conhecimento técnico, coerência de comportamento, eficiência e eficácia, norteados pelos valores inquestionáveis que compõem o que se chama de postura ética. Honestidade, integridade, respeito ao próximo, respeito ao Planeta, caráter.

Há tempos atrás, dizia-se que para selar um acordo era suficiente um fio de bigode. Eram tempos em que os valores eram valores e que os indivíduos tinham, antes de tudo, um grande respeito por si próprios.

Na medida em que os valores foram sendo colocados de lado em nome da ganância descomunal que tomou conta de grande parcela da sociedade, os indivíduos passaram a respeitar-se menos e a ter necessidade de formalizar, assinar, carimbar e reconhecer firma de tudo aquilo que acordavam, como se só por isso estivessem obrigados a cumprir os acordos firmados.

Palavra empenhada vale mais que qualquer assinatura e carimbo, ao menos para profissionais éticos. Se assim não for, de nada valem também as formalidades.

No mundo dos negócios existe, da mesma forma que na biologia, um processo de seleção natural em curso, norteado pelos anseios sociais.

Já vão longe os tempos em que a medida de sucesso era dada pela quantidade de bens amealhada a qualquer preço. Hoje procura-se saber o “como” se chegou até aquele ponto e os valores éticos são o ponto de referência.

A quantidade de escândalos que assistimos em nosso País, na atualidade, são reflexo desta exigência social.

Profissionais não éticos, que descumprem palavras, que prendem-se ao que foi formalizado, desprovidos de caráter e ética e continuam a querer levar vantagem em tudo estão em extinção. A sociedade não aceita mais hipocrisia profissional.

No marketing não é diferente. O poder que advém das tarefas inerentes à atividade é acompanhado de grande dose de responsabilidade e, ou coloca-se a ética à frente e acima de todas as atitudes ou o fim é só uma questão de tempo.

Felizmente!

Artigo publicado originalmente em www.cabugi.com, em 06/08/2001

Continuação (04/04/2013)

Recentemente assistindo ao vídeo de uma conferência, da qual participava Oscar Motomura, fundador do Amana-Key, e que reputo como uma das pessoas mais esclarecidas sobre o novo cenário que vivemos, o palestrante abordou o tema da ética no mundo moderno.

Segundo ele, a sua definição preferida sobre o tema é a de que: “Ética é a opção pelo bem comum”.

Parte do princípio de que existe uma única versão possível para o que é Ética, contrapondo-se às inúmeras versões, cada uma delas ligada a uma classe, categoria ou grupo, de acordo com suas necessidades.

Não existe a ética do advogado, do médico, do empresário, da organização. Ética é ética e ponto.

Seguindo por essa linha de raciocínio Oscar passa a enumerar, tendo como base a ética como opção pelo bem comum, o que seria não ético.

Transcrevo a seguir o que o autor considerou como insights” sobre o tema e convido a todos para uma reflexão sobre o conteúdo de cada uma das conclusões.

O que é não ético.

Oscar Motomura

Fundador do Amana-key

Ética é a escolha pelo bem comum.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir não agir por que existem dificuldades e incertezas, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir se omitir às propostas, ideias e ações para não ir contra a maioria, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir viabilizar o viável em vez de procurar tornar possível o impossível, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir usar apenas parte do seu potencial, poupando a outra parte para atender a interesses pessoais, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir não agir, permanecendo em silêncio, deixando o medo prevalecer, esse ato, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Se deixar conformar pela letra da lei, em vez de persistir pelo espírito da lei, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir não fazer face aos desafios de grande escala e complexidade, por que parecem além da conta e que ninguém até hoje tentou, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir protelar ações ousadas de novo e de novo e de novo, esperando o momento certo, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir não ir em frente por que não será reconhecido como autor da ideia, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir entrar no jogo fingindo não perceber manipulações no processo, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir viver no reino das ideias, dos diagnósticos e das teorias, em vez de assumir os riscos da ação, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir rejeitar toda e qualquer proposta diferente, inclusive suas próprias, mesmo quando as ideias tradicionais não estiverem funcionando, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir rejeitar qualquer proposta que pareça, na opinião de outros, idealista ou utópica, não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum.

Decidir deixar tudo como está por que o caminho para a perfeição é muito complexo e difícil de enfrentar, isso não é ético.