Comprometimento, via de mão dupla.

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Passados mais de 14 anos da publicação desse texto percebe-se que a situação continua a mesma. As empresas sempre cobrando, exaustivamente, obsessivamente o comprometimento e retribuindo com nada.

Quando se apresenta então uma situação de “crise”, aí então que a coisa desanda de vez. A empresa olha só para os seus problemas e o resto, é o resto.

Neste cenário é difícil, impossível mesmo, que haja comprometimento. Vamos cuidar cada um de suas prioridades e ver até onde a coisa vai.

Manaus, 27 de fevereiro de 2016.

Texto publicado originalmente em www.cabugi.com em 14 de janeiro de 2002.

Estou trabalhando em uma série de consultorias simultaneamente.

Trata-se de experiência muito enriquecedora pelo contato que passo a ter com diversas culturas empresariais, objetivos, posturas, personalidades, métodos de trabalho e tudo mais que envolve o dia a dia das empresas e das pessoas que as fazem.

Uma palavra/ comportamento tem se destacado em todas os trabalhos e aparece sempre como expectativa dos empresários, sendo colocada como fundamental para o sucesso do negócio.

A palavra é: COMPROMETIMENTO.

Sem dúvida, o comprometimento de todos com os objetivos empresariais é condição básica para o sucesso de qualquer negócio.

No entanto, o que tem se buscado é o comprometimento como atributo dos funcionários, tentando-se, às vezes, identificá-lo já na entrevista de seleção ou querendo impor este tipo de comportamento de cima para baixo, como se fosse mais uma tarefa, entre tantas, a ser cumprida.

O comprometimento, pelo menos aquele verdadeiro que leva a resultados, é, a princípio e antes de mais nada, uma via de duas mãos, que se retro alimenta. Ou seja, surge, desponta e cresce, na medida em que é recíproco, no sentido empregado – empresa e empresa – empregado.

Surge espontaneamente como resultado de uma série de ações que desencadeiam reações que o reforçam e consubstanciam.

Não pode ser imposto e nem mesmo almejado em ambientes que entendem os resultados empresariais em um único sentido, qual seja, o da empresa.

Quando Bill Gates ganhou o seu primeiro milhão de dólares, seus cinco principais empregados o fizeram na mesma medida e tempo.

Como esperar comprometimento se temos ainda a prática de fragmentar nossos empregados dizendo que: “problemas pessoais você deixa lá fora”. Será que alguém consegue trabalhar bem, esquecendo que tem um filho doente em casa?

Ou que está frustrado por não ter passado no vestibular ou por ter perdido um grande amor?

O comprometimento desenvolve-se com maior facilidade em pessoas que são entendidas, recebidas e encaradas na sua totalidade, com compreensão, comprometimento (também!) e profissionalismo.

Se temos que o comprometimento é desejado e fundamental para o sucesso empresarial, se já vimos que não podemos mais prescindir dos talentos individuais, que são o grande diferencial em relação à concorrência, e se desejamos manter nossos talentos em nossas empresas, comprometidos com nosso sucesso, é hora de revermos posturas e atitudes com o objetivo de alcançarmos o resultado pretendido.

Prazer em revê-los. Fui!

 

Em tempo: Quero agradecer às mensagens de apoio ao meu mau humor da semana passada, uma delas trouxe este texto de Darcy Ribeiro que reproduzo aqui:

 

“Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não salvei. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

 

 

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Marketing e Educação Ambiental, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing Manaus/ AM e professor universitário.

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