OS FINS OU OS MEIOS?
Após 16 anos dando aulas acho que posso me atribuir o adjetivo de “educador”. Se for muita pretensão de minha parte me perdoem.
Durante todo esse tempo em sala de aula permaneci atento à todas as mudanças ocorridas no processo de educação, ao surgimento de novas metodologias e novas tecnologias e todas apontavam para um único horizonte. A criatividade, a inovação, a atuação levando em conta a intuição eram atributos que se faziam indispensáveis na formação dos jovens, futuros profissionais das mais diversas áreas.
Nesse sentido pautei minha conduta e percebia que meus pares, pelo menos uma parte deles, fazia da mesma forma.
Dar liberdade para o educando buscar o conhecimento, incentivar a curiosidade, o interesse em obter novos conhecimentos, utilizar tais conhecimentos para inovar, para fazer diferente, para criar novas maneiras de comportamento.
Provavelmente isso tudo começou em mim lá na década de 1960 com o movimento “hippie”, com o festival de Woodstock, com a luta por paz e amor.
O tempo foi passando e de repente me deparo com as escolas militares nadando, a meu ver, contra a corrente e impondo uma disciplina opressiva aos alunos. Como resultado aparecem sempre em primeiro lugar em competições que vão desde o Soletrando do “playboyzinho”, até as olimpíadas de matemática.
Chegam as olimpíadas e os atletas nacionais ligados às forças armadas são os grandes ganhadores de medalhas.
E aí vem o susto maior! Todos acham isso fantástico.
Meus amigos, não tenho a menor dúvida de que o autoritarismo sempre levou, leva e levará a resultados mais rápidos. É matemático, é básico, é redundante e é pobre, limitado. Os fins justificam os meios ou será o inverso? A eterna questão.
Se capacito pessoas para o fazer, obviamente elas farão e farão bem. Só não espere que, ao menor problema que surja, elas saibam como reagir. Porém, o meu objetivo como “educador” não é ensinar a fazer, mas sim ensinar a pensar e aí, me desculpem os defensores da metodologia militar, a coisa foge de controle. O meu objetivo é capacitá-las a pensar e saber como se comportar em toda e qualquer situação e, para isso, os resultados demoram mais e, muito provavelmente, não serão padronizados porque nunca há apenas uma maneira de fazer.
Quando falamos de olimpíadas, ainda va lá. Os objetivos são pontuais e pobres. Você tem que correr mais rápido que os outros, ponto. Você tem que acertar a bola na cesta, ponto.
Mas a vida, a vida é diferente e por isso, a educação não pode ser assim.
“Esse sistema de castas é bastante eficaz no livro, pois os indivíduos – devido seu condicionamento – não almejam pertencer a outra casta senão a sua própria. Outro fator relevante é o de que certos serviços são efetuados exclusivamente por uma determinada casta, porque os tipos de trabalho também são divididos de acordo com as castas.” (https://amnprojeto.wordpress.com/analises/castas/)
Passados 75 anos do lançamento da primeira edição brasileira, acredito que estamos precisando, com urgência, reler O Admirável Mundo Novo”de Aldous Huxley.
Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Especialista em Marketing e Educação Ambiental, MBA pela Amana Key de São Paulo e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (UFAM). Atualmente é Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing Manaus/ AM e professor universitário.