Marketing, pra quê?

ilustr_11 set

 

Artigo publicado originalmente no portal cabugi.com em 23/09/2002.

 

Passados 13 anos do ocorrido nos vemos no limiar de uma nova ofensiva militar sem justificativa, sem cabimento e sem necessidade. Quanto tempo necessitaremos para aprender novas formas de convivência? 31/08/2013

 

Desculpem-me os leitores mas não falarei sobre marketing esta semana.

Tenho pra mim que quando um grupo de pessoas, deliberadamente, pega alguns aviões cheios de gente e joga-os contra lugares também cheios de gente, matando milhares de pessoas, ferindo outras tantas e abrindo mão da própria vida, tudo perde o sentido. Marketing,  pra quê?

Quanticamente sinto que, de alguma forma, eu estava  pilotando aqueles aviões e cometendo atentados, como sinto também, que quanticamente, aqueles aviões entraram pela minha janela e mataram um pouco de mim ou um muito.

A única lição positiva, possível de se colapsar a partir do fato, é a necessidade do exercício da reflexão. Tudo está errado, em todas as relações que se mantém ao redor do mundo. Os terroristas gritaram isso pro mundo, da maneira estúpida que foram capazes.

Ao invés de retaliação, acredito que deveríamos partir para a realização de um enorme Fórum Mundial de Reflexão, que ao término nos apontasse novos caminhos, novas ordens econômicas, novos valores sociais, novas relações de trabalho, novas, novas, novas…

Quando vejo o presidente dos Estados Unidos da América falar em retaliação, em bombardeio, em vingança, até consigo compreender. Ele já deu provas, em outras oportunidades, da mediocridade de seu pensamento. O que impressiona mesmo é quando um negro americano fala as mesmas coisas, esquecendo-se de quantos aviões caem sobre ele, todos os dias em todas as situações.

Mesmo a origem dos atentados é absurda, baseada no fanatismo religioso. Tudo se faz em nome de deus, seja lá quem for esse deus. Esquecem-se todos do livre arbítrio e da total responsabilidade que temos pelos nossos atos e que não podemos, em nenhuma situação, transferi-la para um poder maior e assim ficarmos isentos e liberados para todas as práticas.

O plano de ação foi perfeito. A logística foi perfeita. Como ninguém eles conseguiram (negativamente) encantar o cliente.

Estrategicamente eles, os terroristas, se equivocaram. Com sua ação transformaram os opressores em vítimas e justificaram, por antecipação, todas as atrocidades que se prenunciam.

 

Em tempo:

 

“(…) em um instante 80 mil pessoas morreram e a maior parte da cidade desapareceu. (…) quatro dias depois uma segunda bomba matou 40 mil habitantes. (…) moradores próximos ao marco zero foram pulverizados, deixando para trás sombras carbonizadas. Sobreviventes morreram logo em seguida. A radiação destruía seus corpos. Dosagens menores de radiação

provocavam várias formas de câncer e defeitos de nascimento(…) houve cerca de 140 mil mortos nos anos seguintes.”

Hiroshima, 6 de agosto de 1945, em defesa da democracia.

 

“(…) ao completar uma marcha de 320 quilômetros para o mar. Mahatma Ghandi chegou a Dandi, na costa oeste da Índia, e ilegalmente colheu sal do oceano.(…) Seu gesto dramático iniciou uma segunda campanha nacional de desobediência civil.”

Dandi, 6 de abril de 1930, em busca da liberdade.

 

“ Existe um momento, que só acontece raramente na história, em que saímos do velho e entramos no novo, quando termina uma era e a alma de uma nação, há muito oprimida, encontra o dom da palavra. (Jawaharlal Nehru primeiro premiê da Índia Livre)

Nova Delhi, 14 para 15 de agosto de 1947, meia noite, a vitória da resistência civil.

 

“(…) durante toda sua carreira, teve um papel espiritual e político da maior importância. (…) Em 30 de janeiro de 1948, Ghandi tornou-se vítima da violência que tanto repudiara: foi assassinado por um fanático hindu…”

Índia, 30 de janeiro de 1948, em nome do fanatismo político e religioso.

 

Enquanto isso, tanto amor é incompreendido, desperdiçado, postergado, deixado para amanhã ou para nunca.

 

Marketing, pra quê?

 

Prazer em revê-los. Fui!

 

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Apegeano pela Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM. Atualmente é professor universitário e  Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.

Visite: http://www.marketingenatureza.com.br

E onde eu boto a cara?

vergonha

 

Dia desses tive que ir fazer a vistoria do carro lá na Autaz Mirim. Não é uma região em que normalmente circulo.

Por circunstâncias ocorridas durante a vistoria, precisei sair a pé em busca de um equipamento que faltava e caminhei por aproximadamente 3 quilômetros na referida avenida.

Algumas coisas me impressionaram bastante. Primeiro as condições das calçadas, praticamente inexistentes. Com muita frequência tem-se que pular buracos, andar pelo meio da rua ou espremer-se para poder passar. Fico imaginando ser impossível para idosos ou portadores de necessidades especiais circular pelo local.

Mas, o que mais me impressionou foi a quantidade de lixo jogado na beira da via e a situação dos igarapés que a cortam.

Praticamente não existem residências no local, sendo a ocupação, quase que exclusivamente, feita por empresas. Tem-se empresas grandes, médias e pequenas, mas o comportamento delas é o mesmo. Prevalece a filosofia do “joga no igarapé que some”. Senti uma imensa vergonha alheia por tudo aquilo que vi.

Comentando o fato começaram a surgir as colocações sobre a necessidade de conscientização da população e dos empresários.

Mas aí, me desculpem os senhores, não acredito e não aceito que a questão seja de conscientização. Com todos os recursos disponíveis, hoje, com tudo que é falado e escrito sobre ambiente, é impossível que qualquer indivíduo com mais de 5 anos de idade não saiba tudo que deve ser feito para preservar o meio em que vive.

A questão é, isso sim, de absoluta falta de educação e de descaso com o que é público. E quando falo de educação não é nenhum tipo específico de educação. É aquela educação básica, aquela que aprendemos em casa (ou não) desde cedo.

E o pouco caso, uma vez que não é eliminado pela educação inexistente, floresce em função dos órgãos fiscalizadores serem, também, absolutamente inoperantes.

Na condição de profissional de marketing, já há algum tempinho, estou certo de que essas empresas, além de cumprir a legislação vigente, independente de fiscalização, deveriam ir além e esmerar-se em cuidar das áreas em seu entorno, tornando-as verdadeiras peças de propaganda institucional. Algumas delas se preocupam em cuidar do ambiente do muro para dentro, outras, nem isso.

Realmente é vergonhoso que no coração da maior floresta tropical do Planeta, no ícone mundial da preservação ambiental, a questão ecológica sirva apenas para atrair turistas (que serão levados a locais específicos e bem cuidados para tal) e captar recursos no exterior para não fazer absolutamente nada.

Acorda Manaus! Acorda Brasil!

 

Prazer em revê-los. Fui!

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargasl, APG Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.

O Indivíduo

psiquê

 

Artigo publicado originalmente no portal www.cabugi.com em 20/08/2001

Mas, se o mundo está mudando e as empresas estão ou vão ter que mudar, como ficam os indivíduos que, a bem da verdade, são os agentes principais destas transformações?

Há algum tempo alguém teceu considerações sobre a psiquê humana e concluiu que um mesmo ser humano encerrava quatro realidades distintas (seria ótimo se assim fosse!): quando se encontrava só, quando se encontrava no ambiente profissional, quando estava com os amigos e no convívio da família. Vamos, a título de facilitar, adotar estas quatro facetas humanas como base e seguí-las como linha de raciocínio.

Se analisarmos cada uma delas nos últimos dez anos, constataremos que todas elas passaram por mudanças radicais e profundas e estão, hoje, muito longe de uma situação de equilíbrio.

No que diz respeito ao indivíduo só ou no convívio da família, deixemos para a psicologia aprofundar-se. Vamos nos deter no ambiente profissional e no relacionamento com amigos.

Se há 10 anos um indivíduo qualquer que estivesse se candidatando a uma vaga em uma empresa apresentasse um curriculum, em que constasse sua passagem por diversas outras empresas ele seria imediatamente descartado por ser muito inconstante, desequilibrado. Hoje, a permanência durante muito tempo em uma mesma empresa e mais, em um mesmo cargo, soa como acomodação. E só se passaram dez anos.

No mesmo período de tempo, o círculo de amizades era formado no condomínio em que se morava, no ambiente de trabalho, no clube, nos cursos etc. Hoje, além destes todos, a Internet tornou-se o mais importante canal para conhecimento de novas pessoas, a qualquer hora e estejam elas em que lugar do mundo estiver. E a Conectividade revela-se como fator fundamental para o sucesso profissional.

Por outro lado, na era da Informação e do Conhecimento, o individuo passou a ser o proprietário da matéria prima mais importante, o saber. As empresas, principalmente as de tecnologia de ponta, lutam pelos melhores talentos, valorizando cada vez mais a capacidade individual.

A tecnologia elimina a cada dia mais e mais postos de trabalho e os altos índices de desemprego, na verdade, são irreais. O que existe é uma mudança conceitual na forma de prestar serviços e contratar, e a realidade é que a cada dia os empregos deixarão de existir de forma definitiva.

Aquele sonho de adentrar a uma empresa como trainee e nela permanecer até o final da sua carreira deixou de existir e, pela minha ótica, isto é ótimo para ambas as partes.

E o que se espera deste novo indivíduo profissional?

De uma forma bastante simplificada podemos dizer que o profissional de amanha deverá possuir as seguintes características:

• sensibilidade aos desejos e expectativas da comunidade em que atua, pois em última análise, ali se encontra o consumidor;

• tenha uma visão menos especializada e mais abrangente da complexidade do mundo dos negócios;

• combine métodos tradicionais com empreendedorismo e tenha a capacidade de assumir riscos;

• saiba dois ou três idiomas;

• que tenha uma perspectiva transnacional e não apenas local;

• que seja capaz de assumir o gerenciamento de sua carreira profissional.

 

 

Prazer em revê-los. Fui!

 

Carlos Freire é graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargasl, APG Amana Key de São Paulo, especialista em Educação Ambiental pelo SENAC, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia. Atualmente é professor universitário e Diretor Executivo da Assessoria Comunicação e Marketing em Manaus/AM.